O caso da naja tem revelado parte de uma rede de cobras que são mantidas de forma ilegal por terceiros no Distrito Federal. Desde que a naja (Naja kaouthia), uma espécie venenosa e exótica, que não ocorre no Brasil, quase matou o estudante Pedro Krambeck, que a mantinha dentro da própria casa de forma irregular, outras 20 cobras foram apreendidas em condições semelhantes: sem documentos de origem, nem permissões dos órgãos ambientais. Até tubarões foram encontrados mantidos em aquários, assim como cascos de tatu e peles de serpentes, no que parece ser uma larga teia de tráfico de animais silvestres.
Em uma única chácara em Vicente Pires, a Polícia Civil do Distrito Federal encontrou 6 serpentes e três tubarões. Em outro apartamento, no Guará, cujo dono é pai de um amigo pessoal de Pedro: foram apreendidas uma jiboia-arco-íris (Epicrates crassus) e a pele de uma surucucu-pico-de-jaca (Lachesis muta), ambas as espécies que ocorrem no país. Já são mais de 20 cobras apreendidas apenas nos últimos dias no Distrito Federal.
A Polícia e o IBAMA investigam para saber se Pedro, que cursa veterinária na universidade particular Faciplac, e outros colegas teriam não apenas comprado os animais de forma ilegal, mas também os criavam para reprodução e os revendiam.
Na sexta-feira, dia 10 de julho de 2020, o IBAMA multou Pedro em R$ 2 mil, por abrigar animal que teve entrada não autorizada no país. Mas o jovem, que ainda está hospitalizado, pode enfrentar uma lista de acusações maiores se a suspeita do tráfico de animais silvestres se confirmar.
Na quinta-feira (dia 09), uma denúncia levou a Polícia Militar Ambiental a encontrar 16 serpentes numa chácara na zona rural do DF. Entre as espécies estavam cobra do milho, cobra-papagaio, cobra-rateira, jiboia, periquitamboias e uma cascavel, que supostamente teriam sofrido maus-tratos.
O crime de criar animais que não se enquadram na “lista pet”, como gatos e cachorros, sem autorização do órgão ambiental e sem cumprir as condições adequadas para o bem-estar do animal é previsto na Lei Federal nº 9.605/98. A lei também prevê que quem entrega voluntariamente animais que estavam sendo criados de forma irregular não responde criminalmente pelo ato. Respaldados por isso, um criador sensibilizado pelo caso da Naja entregou ao IBAMA duas cobras filhotes na sexta (dia 10), na sede do órgão, em Brasília.
As serpentes, uma víbora-verde-de-vogel e jararacuçu, foram encaminhadas ao Zoológico de Brasília, onde passam por exames clínicos. Elas se somam às outras serpentes apreendidas, e à própria naja. O destino oficial de todos os animais apreendidos ainda será decidido pelo IBAMA, caso a caso, algumas podem seguir até mesmo para o Instituto Butantã, que poderá mantê-las em caráter definitivo para pesquisas.
Denúncia:
É possível denunciar suspeitas de criação irregulares de animais através da “Linha Verde”, no telefone 0800-618080.
O IBAMA esclarece que “para manter cobras em residência, o interessado deve solicitar autorização junto ao órgão ambiental do estado no caso de espécies não venenosas.
Cobras peçonhentas podem ser criadas apenas com fins comerciais, por instituições farmacêuticas, ou com intuito de conservação, ou seja, quando o animal não pode voltar à natureza por diversos motivos, como ter sido vítima de maus-tratos”.
As informações são do site O Eco.
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