Grupo no WhatsApp contratou motoqueiros e motosserras para desmatar e incendiar floresta, revela Revista Globo Rural.

O “Dia do Fogo”, que provocou o recorde de queimadas em Novo Progresso e Altamira, no Pará, nasceu dentro do grupo “Jornal A Voz da Verdade”, no aplicativo WhatsApp, segundo apurou a Revista Globo Rural.

O grupo, formado para debater interesses do setor, tem uma arara azul como símbolo e foi criado em 17 de agosto de 2016, por João Vgas, nome que consta na página principal. Tem 246 participantes ativos entre produtores rurais, grileiros, sindicalistas e comerciantes do município de Novo Progresso.

Dos 246 participantes ativos do grupo “Jornal A Voz da Verdade”, 70 aprovaram os planos do “Dia do Fogo”. Esses 70 formaram outro grupo, criado pelo comerciante Ricardo De Nadai, batizado de “SERTÃO”, uma alusão ao nome de seu estabelecimento comercial (a loja Sertão Agropecuária). O novo grupo ganhou mais 10 membros e fechou com cerca de 80.

O principal objetivo deste segundo grupo (SERTÃO) era incendiar, no dia 10 de agosto, áreas de matas e terras devolutas, fazendo o fogo avançar sobre a Floresta Nacional do Jamanxim, uma reserva de 1,3 milhão de hectares conhecida pela sua rica biodiversidade. A ideia era alcançar a Terra do Meio, área de conflitos agrários na Amazônia.

“Primeiro se desmata, depois vem o fogo. Tudo foi planejado. Ninguém ficou sem serviço. Faltou gente, e peões foram trazidos de outras regiões da Amazônia e até do Nordeste” operador de motosserra.

Pelo menos quatro membros do grupo, segundo apurou a revista Globo Rural, já foram presos por crimes ambientais. São conhecidos como grileiros que estão escrevendo uma lenda no sul do Pará. Do grupo fazem parte proprietários de redes de supermercados, lojas e fazendas da região. Alguns deles fizeram acordo com a Justiça e usam tornozeleira eletrônica.

Motoqueiros do fogo:

No dia 10 de agosto, o “Dia do Fogo”, motoqueiros contratados pelo grupo circularam pelos distritos localizados às margens da BR-163 ateando fogo no capim seco dos acostamentos. Nessa época de seca, a vegetação das margens é combustível fácil. As chamas chegaram a interromper o trafego da rodovia em vários trechos.

O fogo se alastrou queimando cercas e ameaçando atingir as moradias. Todos que estavam em suas casas nas vilas ao redor da BR naquele dia avistaram esses homens de capacete ateando fogo. O crime foi realizado também no município vizinho de Altamira, recordista de desmatamento e queimadas do Brasil neste ano, e se estendeu até ao Distrito de Cachoeira da Serra.

A fumaça negra subiu ao céu e se juntou a outra, ainda mais escura, que pipocava de dentro da Floresta Nacional do Jamanxim, área de proteção ambiental muito visada pelos grileiros e garimpeiros da região. O lugar foi demarcado através de decreto assinado pelo presidente Lula em 2006, mas sempre sofreu a ameaça da exploração predatória pela proximidade da estrada Cuiabá-Santarém.

Faltou motosserra:

No início de agosto, várias áreas deproteção ambiental sofreram ataques de motosserras na região. Primeiro se desmata, depois vem o fogo. Tudo foi planejado. Ninguém “ficou sem serviço”, conta um operador de motosserra que não quis se identificar. Faltou gente, e peões foram trazidos de outras regiões da Amazônia e até do Nordeste.

Pistas clandestinas de pouso foram construídas no meio da mata para desembarcar gente. Tudo foi combinado com muita antecedência no Grupo SERTÃO. Uma das notícias que “bombou” foi à falta de óleo queimado.

Fonte: Revista Globo Rural

 

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