Médicos comemoram e dizem que CoronaVac pode fazer covid virar “gripezinha”

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Os resultados da CoronaVac foram comemorados por médicos com termos como “boa” e “excelente” e que seu uso precisa ser “urgente”. O fato de a vacina ter eficácia de 78% e atenuar os efeitos da doença podem transformá-la em um “resfriadozinho”, dizem.


“Alcançado esse índice de eficácia, realmente nós vamos chegar que a covid-19, com a CoronaVac, vai se transformar numa gripezinha”, diz Alexandre Naime, chefe da infectologia da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia).


“Gripezinha” foi o termo utilizado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, ao qualificar a doença que já matou quase 200 mil brasileiros

De acordo com os dados apresentados, a vacina evita em 78% das vezes o desenvolvimento de casos leves da doença causada pelo novo coronavírus. Segundo o Instituto Butantan, responsável pelo imunizante no Brasil, a CoronaVac também evita em 100% o desenvolvimento de formas graves da covid-19.

“Uma boa vacina”:

A SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações) também avalia como positiva a notícia sobre a eficácia da vacina, mas ainda aguarda os resultados completos dos estudos para uma melhor análise.


“Precisamos conhecer os dados científicos da pesquisa, mas pelo resumo que foi apresentado, são ótimos resultados”, diz o médico Juarez Cunha, presidente da SBIm.

“Tem coisas que não foram apresentadas. A gente não sabe a performance nas diferentes faixas etárias e mesmo das comorbidades”, diz.

“A gente precisa ter acesso a resultados.”


Ex-diretor do Instituto Butantan, o imunologista Jorge Kalil disse que essa “não é uma eficácia maravilhosa, como a gente conseguiu com a Moderna e a Pfizer, mas é uma eficácia razoável”.


“Com 78%, é uma boa vacina, sim”, diz o professor da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).

“Acho que nós temos que usar essa vacina. Nós temos que usar essa vacina porque é uma vacina que estará disponível no Brasil, e tem uma eficácia perto de 80%, o que é um número muito bom”, Jorge Kalil, imunologista e ex-diretor do Butantan.

“Estou tão empolgado com isso, que meu título seria: ‘CoronaVac promete transformar covid-19 num resfriadozinho, numa gripezinha’, porque é exatamente isso”, diz Naime.

“Se você tem sintomas, os sintomas serão leves. É isso que importa numa doença como a covid-19.”


Diretor da SPI (Sociedade Paulista de Infectologia), o infectologista Evaldo Stanislau diz que a vacina dá uma perspectiva.


“Mas, para virar uma ‘gripezinha’, tem tempo”, diz, lembrando que a população vai precisar manter medidas como uso de máscara e distanciamento social.


Emocionado, Stanislau diz que “hoje é o Carnaval da Medicina brasileira, da Ciência brasileira”.


“Guardadas as devidas proporções, isso é equivalente à chegada do homem à lua”, diz.

“É uma notícia que a gente esperava tanto que ela dá mais esperança, renova nossa vontade de trabalhar, de seguir em frente.”

“A melhor vacina é a que está na nossa mão. E ela já está aqui. Já está estocada no Butantan. É uma notícia espetacular, é uma notícia há muito esperada”, Evaldo Stanislau, infectologista e diretor da SPI.


Naime diz que, com 78% de eficácia, a vacina irá colaborar para reduzir o número de casos, de hospitalização e de óbitos.


“É uma vacina que tem uso urgente”, diz o médico, que lembra que já há um estoque de cerca de 10,8 milhões de doses prontas para aplicação.

“Claro que não vamos ter uma resposta tão rápida por causa do quantitativo [de doses que já temos]”, diz Cunha.


Os especialistas acreditam que a pandemia estará numa situação mais controlada no segundo semestre, quando se estima que mais doses e tipos de vacinas terão sido distribuídas pelo país.


“Até lá [vacinação], o risco continua”, complementa Stanilslau, que vê a notícia como importante para os mais idosos, grupo etário mais afetado pela pandemia.

“Eles não têm tempo a perder.”


Após a notícia da eficácia, ele ligou para seus pais, de 86 e 77 anos de idade, para falar que “agora tem uma data possível para terminar o martírio de vocês”.


“Eles precisam dessa vacina para recuperar esse tempo que eles não têm.”


Atualmente, apenas no estado de São Paulo, os casos de covid-19 já somam mais de 1,5 milhão com quase 50 mil mortes, segundo dados oficiais. O governo paulista pretende iniciar a vacinação no dia 25 de janeiro com profissionais da saúde como primeiro foco.

Vacina rápida:

 Kalil diz que é, muito bom, em menos de um ano, ter “uma vacina com uma eficácia que chega perto de 80%”.


“E, sem dúvida, ao vacinarmos a população, nós vamos diminuir muito a circulação do vírus.”


Agora, para que a vacinação possa começar em 25 de janeiro, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) precisa aprovar o imunizante. Segundo a agência, o pedido de registro ainda não foi feito, mas com previsão de acontecer até, no máximo, amanhã.


“A Anvisa tem que analisar os dados para dar segurança para todos nós. Eu tenho certeza que a Anvisa está muito comprometida em dar respostas rápidas e objetivas”, opina Kalil.


Mas os programas de imunização não podem parar na CoronaVac, alerta o ex-diretor do Butantan. Para enfrentar a pandemia, além de manter medidas como uso de máscara e distanciamento, não se pode “deixar de desenvolver outras vacinas”.


“Essas vacinas são de primeira geração. Virão outras vacinas, mais modernas. Vamos todos continuar trabalhando para ter uma vacina melhor”, diz Kalil.

“Com o tempo, vão aparecer vacinas cada vez melhores e a população vai ficar cada vez mais protegida.”


Por Nathan Lopes, Do UOL, em São Paulo

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