“Perguntou se eu queria ir com ele, mas eu disse não”, diz mulher de Lázaro

Já no 10° dia da caçada a Lázaro Barbosa, 32 anos, e após a mãe dele pedir para que o filho se entregue à polícia, a companheira do homem também espera que ele pare de fugir. A jovem de 19 anos, que pediu para não ser identificada, falou com o Metrópoles nesta sexta-feira, dia 18 de junho de 2021, e revelou conversas que teve com Lázaro no dia anterior ao quádruplo homicídio no Incra 9.

O casal está junto há 04 anos e tem uma filha, de 02. A mulher diz que ambos moravam em casas separadas até março deste ano. Ela em Águas Lindas, e ele em Ceilândia.

“Passei a ficar com ele de vez no final de março desse ano, em Ceilândia”, disse.

Na terça-feira (08/06) anterior ao crime no Incra 9, ela conta que Lázaro disse que “ia embora, para não prejudicar eu e a filha dele”. De acordo com a jovem, o maníaco levou consigo um celular, que ambos dividiam.

“Falou que iria procurar um local para morar longe. Perguntou se eu queria ir com ele, mas eu disse que não”, revela.

Hoje, ela pede para que o companheiro se entregue à polícia.

“Queremos que acabe esse sofrimento. Ele tem que pagar pelo que ele fez, assim como todo criminoso”, afirma.

Ela relata que a família tem sofrido ameaças por conta dos crimes cometidos por Lázaro.

“O que não é justo é as pessoas falarem que a gente tem que sofrer as consequências por causa do que ele fez”, diz.

“A gente pede desculpas para as famílias. Se a gente pudesse mudar a cabeça, o coração, a mente dele, a gente mudaria. Só peço que Deus possa confortar essas pessoas”, acrescenta.

⇒Histórico de crimes:

O casal se conheceu através de uma tia de Lázaro, que é amiga da família da jovem. De acordo com companheira do suspeito, ele não era agressivo nem com ela nem com a filha.

“Lázaro sempre tentou ser um homem protetor com a gente. Quando eu falo que ele era uma pessoa boa conosco não é mentira, ele era mesmo. Era um pai bom, um marido bom. Mas agora não sabemos o que está passando na cabeça dele, o que ele é capaz de fazer”, pontua.

Sobre os crimes anteriores cometidos por ele, ela diz que sabia que ele foi preso em 2018 por homicídios cometidos na Bahia, mas que acreditava que ele queria mudar.

“Ele não era de comentar nada do que ele fazia. Eu soube que ele foi preso por esse crime na Bahia e, ano passado, soube de uma tentativa de latrocínio, mas a gente até estava separado nessa época. Agora, ele estava mudado, estava trabalhando. Não entendo o que aconteceu, não consigo acreditar”, diz.

“Ele falava que estava arrependido de matar essas pessoas”, completa.

⇒Carta abandonada:

Policiais que integram as forças de segurança empenhadas na captura do maníaco encontraram na quinta-feira (17/06), uma carta abandonada no local onde o criminoso teria usado como esconderijo durante algum tempo, na região de Edilândia, em Goiás. No interior do local, as equipes notaram, sobre a mesa, uma folha de papel A4 com um texto escrito à mão.

A carta, redigida em tinta de caneta esferográfica vermelha, discorre sobre quem tem o direito de morrer ou de viver.

“Muitos que vivem merecem morrer, alguns que morrem merece (sic) viver”, diz o texto.

O material foi apreendido e levado para perícia. Os policiais investigam se Lázaro escreveu ou apenas carregava o manuscrito, que replica algumas falas de um personagem da trilogia Senhor dos Anéis. Ao Metrópoles, a companheira confirmou que a letra é dele.

“É a letra dele na carta, mas não entendi o que ele quis dizer com aquilo”, comentou.

⇒Caçada:

O cerco policial montado pelas forças de segurança para tentar localizar o maníaco Lázaro Barbosa de Sousa, 32 anos, chega ao 10º dia nesta sexta-feira (18/06). O efetivo se concentra no município de Girassol, em Goiás, local onde o criminoso trocou tiros com a polícia e voltou a se esconder na mata.

Em diversos pontos dentro da mata, foram encontradas velas de sete dias, com algumas oferendas e até pedaços de papel com o nome completo do criminoso. As autoridades desconfiam que o próprio suspeito tenha deixado as velas acesas para pedir proteção espiritual.

Os grupos policiais que fazem incursões na região encontraram uma vela de sete dias nas proximidades de um milharal. Em um dos locais de mata fechada, militares goianos também localizaram uma rã desossada, deixada ao lado de um facão. Parte do animal havia sido comida.