O que significa para um clube que luta por protagonismo internacional nos últimos 10 anos ficar fora do maior torneio do planeta? Por dois anos? Muito. O peso da punição imposta pela Uefa ao Manchester City é grande e difícil de medir. Mas atinge vários setores da equipe, que pode ver o seu projeto de consolidação no cenário europeu interrompido.
O City foi excluído das duas próximas temporadas das competições europeias acusados de fraudes em um contrato de patrocínio. Só irá disputar a Liga dos Campeões em 2020/21 e 2021/22 caso o recurso no Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) seja aceito.
O impacto direto está na receita. Segundo o último relatório financeiro disponível pela Uefa, o Manchester City faturou € 93,254 milhões (R$ 401,5 milhões, na cotação da época) por sua participação na Liga dos Campeões de 2018/19. O valor foi equivalente a 15% da receita do clube na temporada, que foi de € 610,6 milhões (R$ 2,6 bilhões, na cotação da época).
Na temporada anterior, o faturamento do City na Liga dos Campeões foi de € 63,8 milhões (R$ 274 milhões, na cotação da época), que correspondeu a 11% de sua receita em 2017/18 (€ 568 milhões).
Mas esse o prejuízo em tal situação não é um cálculo simples. O especialista em gestão esportiva da empresa de consultoria Ernst & Young, Pedro Daniel, ressalta que as maiores perdas são indiretas.
“Essa é a perda direta. A receita indireta é muito maior. Tem a visibilidade que a participação em uma competição como a Champions League traz. Ele (Manchester City) não vai estar exposto, não estando exposto, os patrocinadores e a visibilidade dele são menores”, comentou.
Estabilidade do elenco ameaçada:
O time que gastou quase € 1 bilhão para montar o seu elenco pode vê-lo se desvalorizar. Até o meio de 2022, quando termina a sanção imposta pela Uefa, 19 jogadores vinculados ao City terão seus contratos encerrados. São nove do atual elenco, e 10 que estão emprestados. Dentre eles, seis têm vínculo somente até o fim da atual temporada.
O goleiro Claudio Bravo e o meia David Silva não renovaram seus vínculos e devem permanecer no clube apenas até junho deste ano. Entre os demais, Fernandinho e Agüero assinaram apenas até a metade de 2021. Stones e Otamendi possuem vínculo até 2022.
O técnico Pep Guardiola tem contrato apenas até o meio de 2021. A permanência no clube fica em xeque sem a visibilidade da Liga dos Campeões. E aumenta a pressão para título em 2020.
“Os atletas não têm a mesma visibilidade e tendem a se desvalorizar. O impacto indireto é muito maior que o direto”, analisa o especialista Pedro Daniel.
Veja quem tem contrato além de 2022:
- Até 2023: Mendy; Mahrez; Gündogan; De Bruyne; Sterling e Gabriel Jesus.
- Até 2024: Zinchenko; Walker; Rodri e Phoden.
- Até 2025: Bernardo Silva; Ederson; Laporte e João Cancelo.
O longo vínculo é uma segurança para o clube. Mas os dois anos longe da Liga dos Campeões pode afetar na estabilidade do elenco, que tem boa base mantida ao longo das três temporadas e meia sob o comando de Pep Guardiola. Do grupo atual, 13 jogadores estão desde o primeiro ano dele na equipe, em 2016/17.
“A visibilidade é o maior ativo do clube. O clube é um gerador de conteúdo, se o conteúdo não está na maior plataforma, ele perde valor”, resume Pedro.
Por Daniel Mundim – Globoesporte.com
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