Globo abre mão de Falabella após 38 anos e ele diz: “Vou me reinventar”

Na Globo desde 1982, Miguel Falabella foi comunicado na quinta-feira, dia 04 de junho de 2020, que a emissora não renovará seu contrato, no qual se encerra em setembro. O ator, autor e diretor foi avisado por Carlos Henrique Schroeder, que no novo organograma da Globo ocupa o cargo de diretor de criação e produção de conteúdo.

Falabella ouviu que nesta nova fase a Globo não está mantendo em seus quadros, com contratos de longo prazo, autores sem trabalhos em andamento ou planejados. Foi a mesma justificativa para a não renovação do contrato com Aguinaldo Silva em janeiro.

Com um currículo que inclui, entre muitos outros, “Sai de Baixo”, “Toma Lá Dá Cá”, “Pé na Cova”, “A Vida Alheia” e várias novelas (“Salsa e Merengue”, “A Lua Me Disse”, “Negócio da China”), Falabella vinha tendo dificuldades em aprovar novos projetos nos últimos anos.

O seu trabalho mais recente foi “Eu, a Vó e a Boi”, lançada diretamente na Globoplay. Foi uma encomenda de Gloria Perez no curto período em que a autora atuou como assistente de Silvio Abreu na direção de teledramaturgia.

Falabella disse ao UOL que encara a ruptura com naturalidade. Disse que “foi tudo muito delicado” neste processo. E que não tem nada para reclamar:


“Tenho quase 40 anos de Globo. Fui tratado sempre como um príncipe. Nunca atrasou um dia o pagamento. Me ajudaram quando precisei de assistência médica. São verdadeiros pais.”


O autor também tem consciência que, mesmo fora da Globo, o seu trabalho não deixará de ser exibido na tela da emissora. Lembra do sucesso das reprises do “Sai de Baixo” e observa:


“Vou estar sempre nas reprises.”


Sobre os próximos passos, Falabella diz:


“É bacana, na minha idade (63 anos), ter uma oportunidade de se reinventar. A gente se reinventa”. E acrescenta: “Projetos tenho vários”.


A notícia sobre o fim do contrato foi publicada nesta sexta-feira, dia 05, pela jornalista Patrícia Kogut, em “O Globo”.


“Desde que saiu a notícia, não paro de receber propostas”, diz Falabella.

“Vou ter a oportunidade de abrir novas vertentes, exercitar novas linguagens”, diz.


Antecedentes:

A relação de Falabella com a área de criação da Globo não vinha bem nos últimos anos. Em agosto de 2019, em entrevista ao UOL durante o Festival de Gramado, ele disse que não pretendia renovar seu contrato com a emissora. 


“Acho que não quero renovar porque eu fico muito preso e quero liberdade. Se eles dizem não a um projeto meu, não tenho outra porta para bater.”


Na ocasião, observei que Falabella vinha acumulando pequenos desgastes na sua relação com a emissora. Ele ficou muito chateado, com razão, em minha opinião, com a repercussão negativa, antes mesmo da estreia, de “Sexo e as Negas” (2014), injustamente acusada de racismo. A série teve apenas uma temporada.

O seu trabalho seguinte, “Brasil a Bordo”, foi engavetado por um bom período e estreou diretamente na Globoplay, o que também desagradou ao autor. Outra encomenda que recebeu, um episódio da segunda temporada da série “Os Experientes”, também não avançou.

Fonte: UOL

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