Depois de três meses sem atividades presenciais por causa da pandemia de Covid-19, escolas particulares de Manaus voltaram a abrir as portas para os alunos no início deste mês de julho. O Governo do Amazonas autorizou o retorno das atividades presenciais nessas instituições e divulgou uma cartilha com normas e recomendações oficiais de segurança.
Manaus foi a primeira capital do país a enfrentar colapso nos sistemas de saúde e funerário por causa do coronavírus. Mas os números de casos e mortes vêm caindo nas últimas semanas; veja os gráficos. A capital amazonense concentra mais de 31 mil casos confirmados de Covid-19 até a última atualização da quarta-feira, dia 15 de julho de 2020.
Do ensino infantil ao médio, as escolas particulares da capital amazonense vão se adaptando com a adoção de diversas medidas. O G1 buscou exemplos em duas instituições privadas e encontrou particularidades em cada uma delas, como aula sem sapatos; recreio a dois; e rodízio de aula presencial e on-line, por exemplo.
Um mapeamento elaborado pela Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) aponta que Manaus é a única cidade com as escolas reabertas no país. Outros oito estados e o Distrito Federal já têm previsão de retorno.
No estado, as aulas particulares só voltaram na capital, como previsto no 4 ciclo do plano de reabertura publicado em decreto do Governo Estadual. Na rede pública municipal e estadual, as aulas presenciais seguem suspensas e sem previsão de retorno.
Há uma semana, são cerca de 60 mil alunos, distribuídos em pouco mais de 200 instituições privadas, que voltaram à “rotina” no modelo híbrido, segundo o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Privado do Estado do Amazonas (Sinepe-AM). A partir dessa definição de rodízio, outras medidas e normas precisaram ser adotadas para garantir a segurança dos alunos e profissionais.
A Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM) divulgou uma cartilha com 68 normas e recomendações para o retorno gradual das atividades educacionais.
Dentre elas, estão:
- A lotação das salas de aula ficará limitada a 50% da capacidade, ou a depender do espaço disponível, deve ser garantido o distanciamento mínimo de 1,5m entre as carteiras ocupadas;
- Deve ser adotado o sistema de rodízio semanal entre alunos, de modo que, enquanto metade da turma está em sala de aula, a outra metade estará em casa realizando atividades de maneira remota. Na semana seguinte os grupos são invertidos;
- Deve ser adotado o sistema de rodízio semanal entre alunos, de modo que, enquanto metade da turma está em sala de aula, a outra metade estará em casa realizando atividades de maneira remota. Na semana seguinte os grupos são invertidos;
- As instituições de ensino deverão desenvolver um plano de trabalho domiciliar ou remoto estudantes do grupo de risco ou àqueles (ou suas famílias) que não se sintam confortáveis e seguros para frequentarem o ambiente educacional de maneira presencial;
- O plano pedagógico deverá priorizar atividades que evitem aglomerações, e que possam ser desenvolvidas em ambientes abertos e arejados;
- Durante as aulas de Educação Física, assim como demais práticas esportivas ofertadas pelo estabelecimento de ensino, não poderá haver contato físico entre os participantes;
- Quando possível os horários de entrada e intervalo/recreio deverão ser redefinidos, de maneira que seja evitada a aglomeração de pessoas e a circulação simultânea de grande número de alunos nas áreas comuns do estabelecimento;
- Bibliotecas devem funcionar preferencialmente para empréstimo de exemplares, sem consulta ou leitura no local;
- Brinquedotecas devem permanecer fechadas. Para as crianças menores recomenda-se que estas não tragam seus próprios brinquedos para escola;
- Auditórios, salas de reuniões, e salas multimídia não devem funcionar até ulterior liberação da FVS;
- Na sala de aula as carteiras deverão estar dispostas de modo a respeitar o distanciamento mínimo de 1,5m entre si;
- Para a educação infantil deverá ser adotado o distanciamento de pelo menos 2m, uma vez que para esta faixa etária a utilização de máscaras é de difícil adaptação;
- Todos os espaços físicos do estabelecimento educacional devem disponibilizar com fácil acesso solução de álcool gel a 70%;
- É obrigatório a todos os frequentadores do estabelecimento de ensino, o uso adequado e a todo tempo de máscaras cirúrgicas ou de tecido com no mínimo duas camadas.
Particularidades entre as medidas adotadas nos colégios foram encontradas porque as instituições passaram a elaborar seus planos de retomada dentro da realidade de cada um. De testagem em massa no quadro de funcionários, a pequenos ajustes como brincadeiras à distância, uma cartilha elaborada pelo sindicato também serviu de “guia básico” para que as portas se abrissem no dia 6 de julho.
Foi somente no dia 3 de julho, três dias antes do retorno das aulas, que a Fundação de Vigilância em Saúde publicou um manual com normas e recomendações específicas para o retorno gradual das atividades escolares. O texto incluía medidas específicas a serem adotadas em ambiente escolar. O material foi formulado por órgãos públicos em parceria com o Sindicato e instituições privadas.
Questionado sobre a eficácia das diretrizes para retorno das aulas, o infectologista Marcus Lacerda informou ao G1 que ainda não há um estudo que comprove isso, mas que experiências de outros países com controle da doença são tomadas como referência para a adoção das mesmas recomendações.
“Tem experiências de outros países da Europa e até mesmo a própria China, onde iniciou o surto de Covid-19, que já voltaram gradualmente com as mesmas medidas indicadas aqui em Manaus. Até o momento, não há informação de que esse retorno foi responsável por aumento de casos ou uma segunda onda da doença, ou que coloque a vida dos jovens e funcionários em risco”, disse.
O infectologista afirmou que é natural que, dentro das escolas, nem todas as diretrizes sejam adotadas por completo, principalmente pelos mais jovens.
“São diretrizes. Obviamente que, na prática, não vão funcionar 100%, tem coisas que as escolas não vão conseguir controlar. Mas, se as escolas fizerem tudo que é recomendado para evitar aglomerações e contato entre os alunos, é suficiente para evitar o contágio da Covid-19”, afirmou.
Novo normal:
Ao G1, a coordenadora pedagógica do Colégio Martha Falcão, Francisca Loiola, conta que as turmas foram divididas em dois grupos e terão revezamento em quatro dias da semana para aulas presenciais, enquanto o restante acompanha de maneira on-line. Para retornar, eles devem levar kits pessoais com máscaras e pequenos frascos de álcool em gel individuais. Outras medidas também foram tomadas para evitar aglomerações.
“No intervalo, reduzimos mesas e cadeiras no espaço da lanchonete e só tem duas cadeiras disponíveis em cada mesa. Uma turma desce para o lanche enquanto a outra espera. Elas não saem pro intervalo ao mesmo tempo”, disse.
Além da aferição de temperatura que é realizada na entrada da escola, pias foram instaladas para higienização das mãos. Álcool em gel é disponibilizado dentro e fora das salas de aula, e os alunos devem tirar os sapatos antes de entrar na sala.
Insegurança no retorno:
No Centro de Educação Meu Caminho, voltado para educação infantil, do berçário ao 5º ano, com alunos de até 10 anos, dos 150 alunos matriculados, apenas 30% não retornaram nesta primeira semana.
Segundo a diretora da instituição, professora Laura Cristina, a ausência tem muita relação com a insegurança dos pais, por exemplo, de crianças que convivem com pessoas do grupo de risco em casa. Ela cita também “pais que estão em home office e ainda podem dar acompanhamento para as crianças”.
“Eu avalio que foi um retorno bem positivo e consciente. Os alunos estão respeitando o distanciamento, estão fazendo higienização das mãos, uso do álcool em gel. Toda essa parte tem sido cobrada e eles têm colaborado bastante”, contou a diretora da escola.
Laura disse ainda que, na entrada da escola, os alunos receberam kits pessoais com máscaras e viseiras e passam por triagem com aferição de temperatura.
Para ela, a dificuldade encontrada foi em relação à internet para transmissão de aulas para os alunos que estão em casa.
“Aqui no Amazonas a internet é complicada, então foi um problema nessa semana dar esse suporte ao vivo”, pontuou.
Conforme as recomendações do governo estadual, as instituições de ensino deverão desenvolver um plano de trabalho domiciliar ou remoto estudantes do grupo de risco ou àqueles (ou suas famílias) que não se sintam confortáveis e seguros para frequentarem o ambiente educacional de maneira presencial.
Fonte: G1
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