A vacina de Oxford, que teve os testes paralisados após reação adversa em um paciente no Reino Unido, foi aplicada em ao menos 200 voluntários na Bahia. Nesta quarta-feira, dia 09 de agosto de 2020, o Instituto D’Or, responsável pela aplicação do imunizante em ensaios no estado, informou que um procedimento padrão de revisão dos resultados foi acionado.
Apesar da pausa, uma das voluntárias em Salvador está confiante sobre a eficácia da vacina do laboratório da farmacêutica AstraZeneca. Lúcia Estrela é assistente social e técnica em radiologia. Ela trabalha na linha de frente do combate ao coronavírus nas duas áreas. Ela já recebeu das doses e disse ao G1 que está confiante quanto à resposta de imunidade.
“Eu não perdi a esperança com a vacina. Continuo esperançosa e acho realmente que a vacina oferece a imunidade. Eu trabalho em dois campos, tenho contato diariamente com pessoas com Covid, tanto que estão contaminadas, tanto com as que já estão curadas, além das que estão fazendo testes, os casos suspeitos. Nas clínicas onde trabalho, posso dizer que mais ou menos 90% das pessoas já tiveram Covid. Pessoas que nem têm tanto contato com os pacientes, como seguranças. E eu até hoje não tive, sendo que eu tenho contato muito mais próximo. Então eu acredito realmente na imunidade da vacina”, concluiu.
Lúcia tomou a segunda dose da vacina no dia 26 de agosto e teve reações leves, como dor de cabeça, pintas vermelhas e coceira no corpo. Essas reações leves da vacina já eram esperadas segundo os cientistas e, por enquanto, não têm relação com o caso que levou à suspensão da aplicação dos testes.
Nesta quarta-feira (09), Lúcia passou por tele atendimento com uma médica do Hospital São Rafael, que faz o acompanhamento dos voluntários da vacina. A unidade médica fez as aplicações da vacina de Oxford em parceria com o Instituto D’Or.
“Eu tomei a segunda dose e dois dias depois minhas costas ficaram com pintinhas vermelhas. Só que eu não associei à vacina de imediato. Fui na dermatologista e ela passou uma pomada. Hoje [quarta, 9] a médica [do hospital] confirmou que a reação que tive foi devido a vacina. Ela suspendeu todos os remédios e mandou ficar observando a evolução”, conta Lúcia.
O Hospital São Rafael disse que, por enquanto, não vai se posicionar sobre as questões relacionadas à vacina. O G1 apurou que as reações apresentadas pela voluntária são consideradas leves.
“A médica disse que foi uma reação leve e que durou por conta dos medicamentos que usei. Ela informou também que pode ter sido provocado pelo tylenol, já que foram altas doses em 24 horas, por causa da vacina. Mandou ficar observando a evolução e amanhã ligar novamente para acompanhar”, disse Lúcia.
O Instituto D’Or não falou sobre reações dos testes na Bahia, mas disse que a suspensão de testes é considerada medida rotineira e “que deve acontecer sempre que for identificada uma potencial reação adversa inesperada em um dos ensaios clínicos, enquanto ela é investigada, garantindo a manutenção da integridade dos estudos”.
O G1 também procurou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), responsável por autorizar os testes no Brasil. A agência disse que recebeu o comunicado de suspensão dos testes na terça-feira (dia 08) e que já está em contato com o laboratório para ter acesso total às informações. A Anvisa destacou que no Brasil não há relato de reações graves em voluntários, que está voltada para a validação da segurança das vacinas que estão sob estudo no país e que segue acompanhando o caso.
“Faz parte da pesquisa”
O governador Rui Costa falou também sobre a pausa nos testes da vacina. Para ele, é normal que reações aconteçam porque as vacinas estão em fase de testes.
“Faz parte da pesquisa da ciência o sucesso e, às vezes, o insucesso de determinadas linhas de pesquisa. As declarações que eu dei nos últimos dias, sobre essa questão da linha de vacina, porque a ciência é assim: você abre linhas de pesquisa, algumas vão dar certo, outras não vão dar certo. É por isso é que, o ideal, é que o país planeje apoiar e participar de várias pesquisas de vacina, independente da nacionalidade que essa vacina venha, justamente por isso, porque algumas vão dar certo e outras não, e a ciência vai ficar buscando justamente isso”, disse Rui.
A declaração do governador foi dada em uma entrevista coletiva durante entrega de uma unidade de saúde em Salvador, nesta quarta. Ele também falou sobre o acordo de confidencialidade assinado com a Rússia, para testar efeitos da vacina Sputnik V. O imunizante já teve o primeiro lote liberado à população no país de origem, mas ainda é visto com desconfiança pela comunidade científica.
O protocolo do governo russo será submetido ao comitê de ética do Instituto Couto Maia, depois ao Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conepe), em Brasília, além da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Fonte: G1 Bahia
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