Família de um dos jovens mortos em ação da PM diz que militares forjaram flagrante: ‘Botaram arma, droga, dizendo que foi troca de tiros’

Por G1 BA e TV Bahia

Familiares de um dos três jovens mortos em uma ação da Polícia Militar no bairro Mussurunga, em Salvador, disseram que os policiais forjaram o flagrante, colocando armas e drogas com as vítimas para parecer que houve um confronto no local.

O caso aconteceu na madrugada de sábado, dia 28 de novembro de 2020, enquanto as vítimas estavam em um bar. Testemunhas contaram que os policiais já chegaram ao local atirando e as pessoas que se divertiam no local correram para se proteger. Familiares e amigos protestaram na manhã desta segunda (dia 30).

Uma dessas testemunhas é o primo de Gabriel Guimarães, de 18 anos, que morreu após ser encurralado por policiais militares. Ele era auxiliar de obras. Por medo de represálias, o primo da vítima não quis ter a identidade divulgada.


“Quando começou os tiros, eu estava dentro do bar, que eu estava no banheiro. Eu saí de dentro do bar, e quando saí vi um bocado de policial, tudo com brucutu, dando tiros. Aí na hora eu vi ele [Gabriel] correndo para cima, que no lado do bar tem uma escada. Ele subiu correndo e quando ele subiu, os policiais começaram a dar tiros para tudo quanto é lugar, tudo quanto é canto, sem saber em quem vai agarrar [atingir]”, conta o primo da vítima.


Ainda de acordo com ele, Gabriel levantou as mãos e implorou para não ser baleado. Ele é uma das testemunhas que afirmam que os policiais plantaram armas e drogas para “justificar” o flagrante da ação.


“O policial mandou ele parar. Quando ele parou, que levantou a mão, começaram os disparos. E aí ele começou a implorar, dizendo: ‘Não me mate’. Implorou, dizendo que era trabalhador. Simplesmente mataram, botaram uma arma para o menino, jogou dentro da viatura e levaram para o hospital. Quando ele chegou lá, já estava morto. Não tinha nenhum grupo armado. Estava todo mundo sentado nas cadeiras, nos bancos, curtindo, normal”, disse.


A mãe da vítima, que também não quis se identificar, pede justiça e tem a esperança de provar que o filho não estava armado e traficava drogas, como a polícia afirma.


“Eu espero a justiça, só. Eu sei que não vai trazer meu filho de volta mais. Eu quero que prove porque meu filho não era vagabundo. Meu filho não era ladrão, meu filho era trabalhador. Eles dizendo que meu filho era ladrão, botaram arma, botaram droga, dizendo que foi troca de tiros e não foi. Eles já foram para matar, já foram para executar mesmo, quem fosse”, disse.


Gabriel deixa uma filha, de seis meses de idade. As outras duas vítimas que morreram nessa suposta troca de tiros com os policiais foram Rian da Silva Matos, de 19 anos, que era carregador em uma rede de supermercado, e Edilton Barbosa de Jesus Júnior, de 21 anos, que estava desempregado.

Uma quarta vítima está internada no Hospital Geral Menandro de Faria e não teve nome divulgado. Gabriel não é morador do bairro de Mussurunga. Ele morava em Vila de Abrantes, em Camaçari, e estava em Salvador para passar o dia na casa de parentes.

Por meio de nota, a Polícia Militar afirma que as equipes faziam ronda de rotina em Mussurunga, quando encontraram cerca de 20 homens armados, que estariam preparados para atacar uma facção rival. Disse ainda que os policiais atiraram em um revide, quando tentaram cercar o grupo para fazer as prisões.

Família de um dos homens mortos em ação da PM fazem protesto em Mussurunga — Foto: Juliana Cavalcante/TV Bahia

Por G1 BA e TV Bahia

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