Mesmo ainda com alguns focos de resistência no PT, principalmente em São Paulo, aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cravam que o petista deve anunciar até o fim de março a chapa presidencial com o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido), ocupando a vice. De acordo com interlocutores, o “casamento” Lula-Alckmin está sacramentado.
“Não tem mais volta. Ele (Alckmin) só não será o vice de Lula se não quiser, o que é bem difícil”, avaliou um parlamentar petista muito próximo ao ex-presidente.
Os impasses regionais envolvendo o PSB, sobretudo em São Paulo, e a possibilidade de novas alianças nacionais com partidos do centro, a exemplo do PSD, têm atrasado o anúncio oficial. Inicialmente, havia a perspectiva de que todas as pontas dos arranjos eleitorais estivessem amarradas até o fim deste mês.
Uma ala expressiva do PT ainda defende que a melhor estratégia seria lançar oficialmente a pré-candidatura de Lula só em abril, após o fim da janela partidária. Desta maneira, depois de todas as migrações realizadas, haveria mais precisão para medir o peso de cada partido dentro de contextos regionais. Na semana passada, em entrevista à rádio CBN Vale, ao ser questionado sobre Alckmin, Lula disse que apenas esperava a definição do partido que ele iria escolher.
“Espero que Alckmin escolha o partido político adequado que faça aliança com o PT. Espero que o PT compreenda a necessidade de fazer aliança.”
Lula tem repetido em conversas com aliados que não será candidato “só do PT” porque o desafio de governar o país é mais difícil do que vencer as eleições. Na manhã de hoje, em entrevista a uma rede de rádios do Paraná, o ex-presidente desconversou quando perguntado sobre Alckmin.
“Eu não estou candidato. O Alckmin não tem partido político. Ele não fez uma opção partidária. Eu não sendo candidato e ele não tendo partido, a gente não pode fazer uma dupla”, disse.
“A verdade é a seguinte: estamos conversando seriamente com vários partidos políticos. Quero conversar com muitas forças políticas para governar esse país”, complementou.
O ex-governador Geraldo Alckmin, que deixou o PSDB no fim do ano passado após 33 anos de militância no partido, deve se filiar ao PSB na primeira quinzena de março. Na segunda-feira (31/01), em reunião com o presidente do PSB em São Paulo, Jonas Donizette, o ex-tucano avisou que estava esperando apenas PT e PSB se resolverem em relação à disputa no Estado.
O ex-governador Márcio França (PSB) e o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) são pré-candidatos ao governo paulista. Nos bastidores do PSB, principalmente na ala pernambucana do partido, a desistência de França já é dada como certa. Fontes socialistas indicam que, apesar das reiteradas declarações de França de que é candidato ao governo, já há sinalizações de que ele deve disputar o Senado.
Um dos nós entre PT e PSB começou a ser desatado. O governador de Pernambuco, Paulo Câmara, comunicou oficialmente ao ex-presidente Lula que o candidato do PSB no Estado será o deputado Danilo Cabral.
Como o Valor antecipou na semana passada, nos bastidores, apesar de a pré-candidatura do senador petista Humberto Costa (PT) ainda não ter sido retirada oficialmente, a postulação de Cabral, ex-líder do PSB na Câmara, já conta com o apoio do PT nacional.
Na reunião que terá com Lula, Câmara levará apenas a definição sobre a cabeça de chapa. Ainda existe indefinição em relação a quem vai ocupar a vice e a vaga do Senado. O mais provável é que o PT indica o nome para o Senado. O senador Humberto Costa tenta emplacar o deputado Carlos Veras (PT).
Por João Valadares, Valor — Brasília
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