Um levantamento baseado no cruzamento de dados oficiais do governo federal aponta que ao menos 26 mil pessoas podem ter recebido doses vencidas da vacina AstraZeneca contra a Covid-19. O trabalho dos pesquisadores Sabine Righetti, da Unicamp, e Estêvão Gamba, da Unifesp, foi publicado nesta sexta-feira, dia 02 de julho de 2021, pelo jornal “Folha de S. Paulo”. Os dados, aos quais o G1 também teve acesso, indicam que o problema ocorreu com doses de oito lotes da vacina
As Prefeituras citadas negam o problema e atribuem o achado do levantamento a uma falha dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). O Ministério da Saúde informou ao G1 que todas as doses são enviadas dentro do prazo e que, caso aplicações fora do período ocorram, é preciso passar por uma nova aplicação “respeitando um intervalo de 28 dias entre as doses”.
De acordo com o levantamento, foram aplicadas 25.935 doses fora do prazo em pelo menos 1.532 cidades. Na lista, Maringá (PR) aparece como a cidade com mais doses vencidas: 3.536. Em nota ao G1, a prefeitura negou a prática e associou o achado dos pesquisadores a erros no preenchimento de tabelas do Sistema Único de Saúde (SUS).
O Ministério da Saúde diz que “caso alguma vacina seja administrada após o vencimento, essa dose não deverá ser considerada válida, sendo recomendado um novo ciclo vacinal, respeitando um intervalo de 28 dias entre as doses”. Além disso, ainda segundo a pasta, “o vacinado deverá ser acompanhado pela Secretaria de Saúde local”.
“O lote da vacina é uma informação que deve constar no comprovante de aplicação.”
De acordo com Sabine Righetti, uma das autoras do levantamento, as informações são do DataSUS e da Sala de Apoio à Gestão Estratégica (SAGE). A equipe analisou a data de vencimento dos lotes de vacina que ainda estavam sendo ministrados no Brasil. Primeiro, foram encontrados 8 lotes da AstraZeneca que já venceram. Depois, esses dados foram cruzados com as datas de aplicação informadas. Ainda de acordo com a pesquisadora e jornalista, esses são os únicos lotes que já passaram da validade no país.
⇒Cidades negam aplicação fora do prazo:
As prefeituras de Maringá (PR), Belo Horizonte (MG), Juiz de Fora (MG), Salvador (BA) e a Secretaria de Saúde do DF divulgaram notas rebatendo o levantamento. Em comunicado, o secretário da Saúde de Maringá, Marcelo Puzzi, afirmou que o erro não ocorreu.
“O lançamento no Sistema Conect SUS está diferente do dia da aplicação da dose. Isso porque, no começo da vacinação, a transferência de dados demorava a chegar no Ministério da Saúde, levando até dois meses. Portanto, os lotes elencados são do início da vacinação e foram aplicados antes da data do vencimento. Concluindo, não houve vacinação de doses vencidas em Maringá, e sim erro no sistema do SUS”, disse Marcelo Puzzi, secretário da Saúde de Maringá.
A Prefeitura de Belo Horizonte também negou o problema.
“O que ocorreu foi o registro da data de aplicação de forma incorreta no sistema do PNI. A Secretaria Municipal de Saúde informa que já contatou as pessoas que foram vacinadas com os lotes em questão, verificou os cartões de vacina, e não há nenhuma inconformidade”, informou a prefeitura de Belo Horizonte em nota.
A prefeitura de Juiz de Fora divulgou um post nas redes sociais também negando o erro.
“O lote 4120Z005 da vacina AstraZeneca foi recebido em 31/01, e tinha data de validade até 16/04/2021. Todas as doses desse lote foram administradas dentro do prazo correto, entre 01/02/2021 e 09/04/2021”, informou a prefeitura.
Por Arthur Menicucci, G1.
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