Em 2019, a população com 14 anos ou mais de idade dedicava, em média, 16,8 horas semanais aos afazeres domésticos ou ao cuidado de pessoas, sendo 21,4 horas semanais para as mulheres e de 11,0 horas para os homens. De 2016 para 2019, essa diferença entre as médias masculina e feminina aumentou de 9,9 para 10,4 horas semanais.
Em 2019, 146,7 milhões de pessoas com 14 anos ou mais de idade realizaram afazeres domésticos, o equivalente a 85,7% desta população. O percentual de mulheres que realizam esses afazeres (92,1%) ainda é bem mais alto que o dos homens (78,6%). Em 2018, esses percentuais eram 85,6% (total), 92,2% (mulheres) e de 78,2% (homens), com variação de 0,4 pontos percentuais na taxa masculina.
A realização de afazeres domésticos é mais alta entre homens com curso superior completo (85,7%) e menor entre aqueles sem instrução ou com o ensino fundamental incompleto (74,1%).
O Nordeste apresentou a maior diferença entre as taxas de realização de afazeres domésticos por sexo (21,0 pontos percentuais a mais para as mulheres) e o Sul, a menor (9,6 p.p. a mais para elas).
As taxas de realização de afazeres domésticos pelas mulheres brancas (91,5%), pretas (94,1%) ou pardas (92,3%) é sempre mais alta que a dos homens dos mesmos grupos de cor ou raça (80,4%, 80,9% e 76,5%, respectivamente).
Entre as sete atividades que integram os afazeres domésticos, a única em que a taxa de realização masculina supera a feminina é a de Pequenos reparos no domicílio: 58,1% para homens e 30,6% para mulheres.
A produção para o próprio consumo foi realizada por 12,8 milhões de pessoas com 14 anos ou mais, ou 7,5% da população nesse grupo etário. A taxa de realização dessa atividade foi maior entre os homens (8,0%) do que entre as mulheres (7,0%). Entre as pessoas de 50 anos ou mais, a taxa de realização é três vezes maior (10,6%) que a dos jovens com entre 14 a 24 anos (3,2%).
Em 2019, 54,1 milhões de pessoas de 14 anos ou mais de idade cuidaram de moradores no domicílio ou de parentes não moradores, com uma taxa de realização de 31,6%, sendo 36,8% para as mulheres e 25,9% para os homens. Os principais destinatários desses cuidados foram moradores de 0 a 5 anos (49,2%) e de 6 a 14 anos (52,0%).
Cerca de 4,0% da população com 14 anos ou mais (ou 6,9 milhões de pessoas) fizeram trabalho voluntário na semana de referência da pesquisa. Em 2018, essa taxa foi de 4,3%. A região com a menor taxa de realização dessa atividade foi a Nordeste (2,9%) e a maior taxa foi do Sul (4,6%).
A taxa de realização de trabalho voluntário das mulheres (4,8%) era maior que a dos homens (3,2%). Cerca de 90,7% das pessoas que realizaram trabalho voluntário o fizeram por meio de instituição, organização ou empresa.
Esses são alguns dos destaques do suplemento Outras Formas de Trabalho, da PNAD Contínua 2019. Essas formas de trabalho abrangem os afazeres domésticos no domicílio ou em domicílio de parente, o cuidado de pessoas (crianças, idosos, enfermos ou pessoas com necessidades especiais) no domicílio ou de parentes não moradores, a produção para o próprio consumo e o trabalho voluntário. Trata-se de atividades não remuneradas que não fazem parte de outros módulos da PNAD Contínua.
Jovens têm a menor taxa de realização de afazeres domésticos:
A taxa de realização de afazeres domésticos também variou conforme os grupos de idade. A participação dos jovens de 14 a 24 anos é a menor (76,9%) e a dos adultos de 25 a 49 anos, a maior (89,2%). Essa tendência se mantém para ambos os sexos: a menor taxa era a dos homens de 14 a 24 anos (67,8%) e a maior, a das mulheres de 25 a 49 anos (95,5%).
Mas o grupo de homens de 14 a 24 anos foi o que apresentou o maior crescimento na taxa de realização entre 2018 e 2019 (1,4 p.p.), passando de 66,4% para 67,8%; enquanto que a participação das mulheres neste mesmo grupo teve leve redução, passando de 86,6% para 86,4%. Essa faixa etária, embora seja ainda a de menor participação nos afazeres domésticos, é a que mais cresce desde 2016, somando nesse período uma diferença de 8,3 pontos percentuais para os homens e de 3 p.p. para as mulheres.
Independente da cor ou raça, taxa de realização de afazeres pelas mulheres é maior:
Em 2019, 87,6% dos pretos e 86,4% dos brancos faziam afazeres domésticos, enquanto entre os pardos a taxa de realização era de 84,7%. A maior taxa de realização ocorreu entre as mulheres pretas, de 94,1%, contra 91,5% das brancas e 92,3% das pardas. As taxas de realização de afazeres domésticos pelas mulheres brancas (91,5%), pretas (94,1%) ou pardas (92,3%) são sempre mais altas que as dos homens dos mesmos grupos de cor ou raça (80,4%, 80,9% e 76,5%, respectivamente).
A realização de afazeres domésticos aumenta conforme cresce o nível de instrução. Em 2019, a taxa era de 81,9% entre as pessoas sem instrução ou com fundamental incompleto e de 90,3% entre aqueles com ensino superior completo, uma diferença de 8,4 p.p..
Ainda nessa comparação, a discrepância é maior entre os homens. A diferença de taxa de realização entre aqueles com menor instrução e aqueles com superior completo era de 11,6 p.p., enquanto entre as mulheres essa diferença era de 3,8 p.p. apenas. De 2018 para 2019, o grupo de homens com ensino fundamental completo e médio incompleto apresentou o maior crescimento da taxa, 0,9 p.p..
Filhos ou enteados apresentavam as menores taxas de realização de afazeres (74,8% no total, 66,5% entre homens e 84,8% entre mulheres).
A diferença entre homens e mulheres era maior na condição de cônjuge (14,8 p.p. a mais para as mulheres) que na condição de responsável pelo domicílio (8,7 p.p. a mais para as mulheres), e ainda maior na condição de filho ou enteado (18,3 p.p. a mais para as mulheres).
Pequenos reparos é a única atividade que os homens realizam mais que as mulheres:
Em 2019, as atividades ligadas à alimentação, limpeza de roupas e sapatos e arrumação do domicílio ainda estavam muito concentradas nas mulheres, enquanto a realização de pequenos reparos no domicílio foi a única atividade em que o percentual de realização dos homens (58,1%) foi maior que o das mulheres (30,6%).
No próprio domicílio, a atividade com a maior taxa de participação foi preparar ou servir alimentos, arrumar a mesa ou lavar a louça (81,0%), seguida pela limpeza ou arrumação do domicílio e arredores (77,4%), pelas compras ou pesquisa de preços (76,2%) e pela limpeza ou manutenção de roupas e sapatos (75,3%).
A atividade na qual o percentual era menor foi a realização de pequenos reparos ou manutenção do domicílio, automóvel etc. (42,6%), seguida pelo cuidado de animais domésticos (47,7%).
De 2018 para 2019, as atividades que mais cresceram foram o cuidado de animais domésticos (2,5 p.p.), a limpeza ou arrumação do domicílio e arredores (1,2 p.p.) e a realização de compras ou pesquisa de preços (1,3 p.p.).
Taxa de realização de afazeres de homens morando sós é semelhante à das mulheres:
A análise do tipo de afazer por condição no domicílio mostra que a realização de afazeres pelos homens só se equipara à das mulheres quando ele vive sozinho. Quando está em coabitação, seja na condição de responsável pelo domicílio ou de cônjuge, a realização de afazeres domésticos dos homens se reduz sensivelmente em certas atividades, exceto para a realização de pequenos reparos no domicílio. Por outro lado, para as mulheres não existem grandes diferenças na realização de certas atividades domésticas conforme sua condição no domicílio e o fato de viver sozinha ou em coabitação.
Norte e Nordeste têm as maiores diferenças entre sexos no cuidado de pessoas:
Em 2019, 54,1 milhões de pessoas de 14 anos ou mais de idade realizaram atividades de cuidado de moradores no domicílio ou de parentes não moradores, o que correspondia a uma taxa de realização de 31,6%, um pouco abaixo da estimada para 2018 (31,8%).
Essas tarefas incluem auxiliar nos cuidados pessoais, auxiliar nas atividades educacionais, brincar, monitorar ou fazer companhia, transportar ou acompanhar para escola, médico, exames, entre outros.
A taxa de realização de cuidado de pessoas se diferenciava conforme o sexo. Enquanto 36,8% das mulheres afirmaram realizar cuidados, entre os homens essa taxa era de 25,9%.
As maiores taxas de realização de cuidado de pessoas ocorreram entre as mulheres e os homens da região Norte (41,2% e 27,7%, respectivamente) e as menores, entre as mulheres do Sul (35,2%) e os homens do Nordeste (24,1%). As maiores diferenças entre as taxas de mulheres e homens ocorreram no Nordeste (13,7 p.p.) e no Norte (13,5 p.p.), enquanto a menor diferença foi no Sul (9,0 p.p.).
Maior parte das pessoas que receberam cuidados eram crianças:
A realização de cuidados está ligada principalmente à presença de crianças no domicílio. Os destinatários desses cuidados foram, principalmente, os moradores de 0 a 14 anos (quase 50%). O cuidado de idosos ocorreu em 10,5% dos casos, aumentando 0,8 pontos percentuais em relação a 2018. Desta forma, em 2019, o grupo etário com maior taxa de realização de cuidados era daqueles com idade entre 25 a 49 anos (43,4%), tanto para homens (36,9%) quanto para mulheres (49,3%).
Cerca de um quarto das pessoas de 14 a 24 anos de idade realizaram cuidados em 2019. Acima dos 50 anos, essa taxa cai para um quinto.
A análise do cuidado de pessoas segundo cor ou raça mostra que as pessoas pretas (33,7%) e pardas (33,0%) possuíam taxa de realização maior que as pessoas brancas (29,7%). Sendo que cerca de 40% das mulheres pardas e pretas realizavam esse tipo de cuidado enquanto que, entre as brancas, a taxa ficou em 33,5%.
A realização de cuidados também varia conforme o nível de instrução. A taxa de realização foi menor entre aqueles sem instrução ou com ensino fundamental incompleto (26,3%) e maior entre as pessoas com ensino médio completo e superior incompleto (35,3%).
Já com relação à condição no domicílio, a menor taxa de realização de cuidados de pessoas ocorreu entre os filhos ou enteados (22,5%), ao passo que a maior taxa, entre os cônjuges (40,1%), sejam eles homens (34,2%) ou mulheres (42,7%).
A atividade de auxílio nos cuidados pessoais, que inclui alimentar, vestir, pentear, dar remédio, dar banho e colocar para dormir, ainda pesa muito sobre as mulheres: 85,6% delas realizam essa tarefa, enquanto a taxa entre os homens é de 67,9%. O auxílio nas atividades educacionais também apresentou diferença marcante (11,1 p.p. a mais para as mulheres).
Mulheres dedicam quase duas vezes mais horas que os homens aos afazeres domésticos:
Em 2019, a população com 14 anos ou mais de idade dedicava, em média, 16,8 horas semanais aos afazeres domésticos ou ao cuidado de pessoas, sendo 21,4 horas semanais para as mulheres e de 11,0 horas para os homens. De 2016 para 2019, essa diferença entre as médias masculina e feminina aumentou de 9,9 para 10,4 horas semanais.
Mulheres que trabalham dedicaram 8,1 horas semanais a mais aos afazeres e cuidados:
As mulheres sem ocupação fora do domicílio dedicaram, em média, 24 horas semanais a esses afazeres, enquanto os homens não ocupados dedicaram a metade desse tempo (12,1 horas semanais). Já as mulheres ocupadas dedicaram em média 8,1 horas a mais aos afazeres ou cuidados em casa que os homens ocupados.
A região Sudeste apresentou a maior discrepância na média de horas dedicadas a afazeres ou cuidados entre mulheres e homens não ocupados (12,8 h) e a Nordeste, a maior diferença entre mulheres e homens ocupados (9,1 h).
A realização de afazeres e/ou cuidados pelas mulheres tende a reduzir sua carga laboral em média em uma hora semanal, ao passo que para os homens, a realização de afazeres e/ou cuidados é acompanhada por uma jornada de trabalho, em média, 0,4 hora maior que a daqueles que não fazem afazeres e/ou cuidados. Na região Norte, a diferença de horas dedicadas ao trabalho pelas mulheres que não fazem afazeres ou cuidados com as que fazem chega a 3 horas semanais.
Pessoas ocupadas fazem mais trabalho voluntário que as não ocupadas:
Em 2019, 6,9 milhões de pessoas de 14 anos ou mais realizaram trabalho voluntário na semana de referência da pesquisa, o equivalente a 4,0% desse grupo etário. Essa taxa de realização foi 0,3 pontos percentuais menor que a de 2018 (4,3%), o que equivale a uma redução de 281 mil pessoas entre os que realizavam trabalho voluntário, no período.
A região com menor percentual foi a Nordeste (2,9%) e a maior, a Sul (4,6%). Entre 2018 e 2019, houve redução em todas as regiões, sobretudo na Centro-Oeste (-0,7 p.p.).
A taxa de realização de trabalho voluntário era maior entre as mulheres (4,8%) do que entre os homens (3,2%) e entre as pessoas pretas (4,8%) do que entre as brancas (4,5%) e pardas (3,5%). A taxa entre pessoas ocupadas (4,5%) era maior que a das não ocupadas (3,5%).
A taxa cresce tanto com a idade quanto com o nível de instrução. Pessoas de 50 anos ou mais tinham a maior taxa (4,7%), bem como pessoas com ensino superior completo (7,6%).
A maior parte das pessoas que realizaram trabalho voluntário o fizeram por meio de empresa, organização ou instituição (90,7%), proporção 0,5 p.p. maior que a de 2018. Além disso, 79,6% o fizeram por meio de congregação religiosa, sindicato, condomínio, partido político, escola, hospital ou asilo e 11,9% realizaram por meio de associação de moradores, associação esportiva, ONG, grupo de apoio ou outra organização.
Quanto à frequência, 46,4% o fizeram quatro ou mais vezes por mês. Contudo, entre 2018 e 2019, essa foi a única frequência que se reduziu (2,0 p.p.), aumentando mais a ocorrência de trabalho voluntário uma vez por mês (1,0 p.p.).
Porém, houve tendência de aumento no tempo dedicado a essa atividade (6,6 horas semanais), principalmente no Centro-Oeste (0,7 hora). Já a região Sudeste foi a única a apresentar redução na média de horas dedicadas ao trabalho voluntário (-0,3 hora).
Produção para consumo próprio é mais frequente nas regiões Norte, Nordeste e Sul:
Em 2019, 12,8 milhões de pessoas de 14 anos ou mais, ou 7,5% da população nesse grupo etário realizaram produção para o próprio consumo. Embora tenha havido redução dessa atividade em todas as regiões, em relação a 2018, Nordeste (10,7%), Norte (9,8%) e Sul (9,4%) apresentaram as maiores taxas de realização. Centro-Oeste (6,6%) e Sudeste (4,5%) ficaram abaixo da média do país.
A taxa de realização da produção para o próprio consumo foi maior entre os homens (8,0%) do que entre as mulheres (7,0%). Entre as pessoas de 50 anos ou mais, a taxa é três vezes maior (10,6%) que a dos jovens com entre 14 a 24 anos (3,2%).
Cerca de 13,3% das pessoas sem instrução ou com ensino fundamental incompleto produzem para próprio consumo, enquanto entre aquelas com ensino superior completo o percentual é de apenas 2,7%.
A taxa de realização da produção para o próprio consumo era maior entre as pessoas não ocupadas (8,6%) do que entre as ocupadas (6,5%).
Entre as atividades de produção para consumo próprio a de Cultivo, pesca, caça e criação de animais foi a mais frequente (77,9%), tanto entre homens (81,4%) quanto entre mulheres (74,3%). E essa foi a única atividade que teve aumento no percentual de realização (1,2 p.p.) – a Produção de carvão, corte ou coleta de lenha, palha ou outro material teve a maior diminuição (-1,3 p.p.).
Apenas nas atividades de Fabricação de calçados, roupas, móveis, cerâmicas, alimentos ou outros produtos o percentual de realização foi maior entre as mulheres (25,2% delas frente a 0,9% deles).
Em termos de horas dedicadas ao próprio consumo, a Construção apresentou maior média em todas as regiões, variando de 13,9 horas semanais no Nordeste e no Sudeste há 16,6 horas no Norte. O tempo dedicado ao Cultivo no Nordeste (12,6 horas) foi bem acima do estimado para as demais regiões.
Fonte: Agência IBGE Notícias
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