Homenagem a Santa Dulce dos Pobres lota Fonte Nova e fortalece o turismo religioso.

Nas camisas, nos olhos, nos corações. A fé em Irmã Dulce, agora Santa Dulce dos Pobres, canonizada no dia 13 de outubro de 2019, atraiu milhares de fiéis à Arena Fonte Nova, em missa celebrada pelo arcebispo primaz do Brasil, dom Murilo Krieger, no domingo (dia 20).

O governador Rui Costa participou da celebração, acompanhado da primeira-dama e presidente das Voluntárias Sociais da Bahia (VSBA), Aline Peixoto, e de José Maurício Moreira e Cláudia Araújo, que receberam a graça da cura, reconhecida pelo Vaticano.

Para Rui, Santa Dulce dos Pobres está acima das religiões pela generosidade, história e cuidado com o próximo.


“Com a canonização de Santa Dulce dos Pobres, a Bahia torna-se uma referência ainda maior do que já é da fé, com suas mais de 300 igrejas, como a do Bonfim, de Nossa Senhora da Conceição da Praia, do Rosário dos Pretos e de São Francisco. Isso vai ser muito bom também para reforçar o destino religioso que é a nossa capital”, afirmou o governador.


Segundo o secretário do Turismo do Estado, Fausto Franco, o fortalecimento do turismo religioso já é uma realidade.


“Nós já tivemos, nesta noite, 86% de ocupação na rede hoteleira de Salvador. É um número expressivo para um fim de semana comum”, revelou.


O turismo da Bahia, lembrou o secretário, é plural e o turismo religioso faz parte desse conjunto.


“Este é um turismo independente da alta estação, de estar chovendo ou fazendo sol. E as pessoas que fazem turismo religioso têm como característica retornar outras vezes ao destino. A Bahia é muito rica na cultura religiosa. É um mix que a Bahia oferece e faz com que sejamos um estado muito especial”, acrescentou Fausto Franco.

Presente na celebração, o jornalista Florian Plaucheur, da Agence France Press (AFP), destacou que “o Brasil agora tem uma santa e isso é muito importante para a comunidade católica de todo o mundo. Então, a AFP está presente, com repórter de texto, repórter cinematográfico e fotógrafo, para mostrar para o mundo que o Brasil tem uma nova santa.”


A cantora Margareth Meneses também participou da homenagem.


“Ter participado da canonização, cantado na cerimônia, e agora estar nessa homenagem é para mim uma grande emoção. A energia, a força que ela teve e que continua, tudo isso é muito bonito. Proporcionar acolhimento aos seres humanos mais abandonados não tem preço.”


Obras Sociais Irmã Dulce:

A superintendente das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid) e sobrinha de Santa Dulce dos Pobres, Maria Rita Lopes Pontes, disse que a canonização fortalece a obra e permite que a missão de Irmã Dulce seja ampliada.


“Não é somente o atendimento de saúde. A gente tem que acolher bem as pessoas que chegam para conhecer a história de Irmã Dulce e o seu memorial”. A instituição realiza 2,2 milhões de atendimentos ambulatoriais por ano e 12 mil cirurgias.


Dom Murilo Krieger ressaltou que a canonização de Santa Dulce dos Pobres não é importante somente para religião católica.


“Ela é um exemplo para todos nós. Eu tenho certeza que os nossos irmãos, sejam de que religião forem, reconhecem a generosidade de Irmã Dulce e também que ela fez o bem para todos, sem perguntar de qual religião era a pessoa que recebia a ajuda. Assim, todos vamos aprendendo a nos respeitar mutuamente.”


Santa Dulce dos Pobres:

Irmã Dulce nasceu em 26 de maio de 1914, em Salvador. Aos 07 anos, ela perdeu a mãe e, aos 13 anos, já acolhia mendigos e doentes na casa onde morava com o pai e os irmãos, no bairro de Nazaré, na capital baiana. A vida religiosa começou aos 18 anos, quando, após se formar como professora primária, ingressou na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus

Somente aos 19 anos, em 13 de agosto de 1933, recebeu o hábito de freira e adotou o nome de Irmã Dulce em homenagem à mãe, que se chamava Dulce Maria. Naquele mesmo mês, ela viveu seis meses em São Cristovão (SE) e depois voltou para Salvador. Em 1935, iniciou a assistência à comunidade carente, sobretudo nos Alagados, conjunto de palafitas que foi formado no bairro de Itapagipe, na capital baiana.

Em 1939, Irmã Dulce invadiu cinco casas, em um local de Salvador conhecido como Ilha dos Ratos. Nos imóveis, acolheu enfermos e desabrigados. Ainda na década de 30, ajudou operários do bairro de Itapagipe, em Salvador, a formarem a União Operária São Francisco. Logo depois, juntamente com Frei Hildebrando Kruthaup, fundou o Círculo Operário da Bahia.

Junto aos trabalhadores, ela inaugurou um colégio para os filhos dos operários e ainda ajudou a fundar os cinemas Plataforma e São Caetano, além do Cine Teatro Roma; a renda obtida nos cinemas contribuía para a manutenção do Círculo Operário. Na década de 60 transformou um galinheiro do Convento de Santo Antônio em albergue. Mais tarde, o lugar deu origem ao Hospital Santo Antônio, no Largo de Roma, em Salvador, e às obras sociais que levam o nome dela.

Em 13 de março de 1992, faleceu em Salvador. Em 2011, foi nomeada beata. Em 13 de outubro de 2019 foi canonizada e se tornou santa com o nome Santa Dulce dos Pobres.

Beatificação:

Irmã Dulce foi beatificada em 2011, após ter o primeiro milagre reconhecido. A graça alcançada foi à recuperação de Cláudia Araujo, que teve uma grave hemorragia pós-parto e cujo sangramento subitamente parou, sem intervenção médica. Depois de beatificada, Dulce Lopes Pontes passou a ser chamada “Bem-aventurada Dulce dos Pobres”.

Para ser considerada santa, Irmã Dulce precisaria ter um segundo milagre reconhecido, o que ocorreu em maio deste ano. O miraculado, o maestro soteropolitano José Maurício Moreira, voltou a enxergar após fazer uma oração para a então beata. Ele teve glaucoma e começou a perder a visão em 1999. Em 2000, ele já estava cego, mas voltou a enxergar em 2014.

Fonte: Secom GOVBA

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