Um idoso recebeu uma homenagem, em Salvador, por fazer mais de 700 doações de sangue durante 49 anos. Ele fez a última doação na Fundação de Hematologia e Hemoterapia da Bahia (Hemoba), na terça-feira, dia 15 de julho de 2020, porque completa 70 anos na próxima quarta (dia 22) e, por lei, não vai mais poder doar sangue regularmente.
Entre tantas doações, o professor aposentado Arnaldo Fernandes também já foi garoto propaganda da Hemoba.
“Não saí bonito na foto, eu sou bonito [risos]”, contou Arnaldo.
Com orgulho, o idoso guarda uma carteirinha do antigo Instituto de Coleta de Sangue da Bahia (Colsan), onde está registrada a data da primeira doação de sangue: 29 de janeiro de 1971.
“Foi um chamado de um colega meu porque o pai dele iria fazer uma cirurgia, e estava precisando de doadores. Fui fazer essa doação e, quando eu cheguei ao antigo Hemoba, que se chamava Colsan, eu comecei a fazer perguntas ao médico que estava de plantão e ele me mostrou a importância da doação. Então, eu continuei”, relatou o aposentado.
O início de uma rotina de doação de sangue continuou após a criação do Hemoba, em 1983. Em quase cinco décadas, Arnaldo fez 294 doações de sangue e 444 de plaquetas. A estimativa é que ele tenha ajudado a salvar quase 4 mil vidas.
“É uma grande satisfação em saber que contribuí para salvador vidas”, comentou o aposentado.
Quando seu Arnaldo se preparava para a última doação de plaquetas, recebeu a surpresa de uma placa de agradecimento entregue pela médica que ele próprio escolheu para fechar o ciclo de doador. Ele recebeu muitos aplausos. A partir de agora, o aposentado só pode doar caso haja uma autorização especial, após uma avaliação do quadro de saúde.
“Simplesmente emocionante. Eu agradeço muito ao Hemoba, a todos os presentes, a toda essa família Hemoba, agradeço de coração”, completou o aposentado após a homenagem.
“É uma despedida de uma vida de doação, não são muitas pessoas que doam. Nosso percentual em relação às pessoas que doam, é pequeno. Seu Arnaldo é um exemplo”, disse a médica da Hemoba, Isabela Lago.
“Seu Arnaldo é um marco, não só pela regularidade, como o tempo de doação, a ponto de ele se sentir meio triste por chegar no momento em que só com a autorização médica que ele vai poder fazer doação”, explicou o médico Fernando Araújo, diretor do Hemoba.
Atualmente, o estoque de sangue da Hemoba está em nível crítico. Desde o início da pandemia, o número de candidatos à doação caiu 28%. De março a junho, foram 8.200 bolsas a menos coletadas.
Por G1 Bahia
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