O departamento jurídico do Vasco queria anexar à súmula da derrota para o Internacional por 2 a 0 o protesto contra a falha do VAR no jogo. Mas o documento não foi anexado à súmula da partida, que é de responsabilidade da arbitragem. Os vascaínos protestam sobre a pane do VAR no primeiro gol, confirmado por decisão de campo, sem uso da tecnologia e vão pedir a anulação do jogo deste domingo de São Januário.
Os advogados do clube vão entrar no Superior Tribunal de Justiça Desportiva, nesta segunda-feira, dia 15 de fevereiro de 2021, e também vão enviar ofício à CBF para questionar o problema do VAR em São Januário.
O manual para árbitros e para implementação do VAR diz, que “uma partida não é invalidada devido a defeito(s) na tecnologia do VAR (no que se refere à tecnologia da linha de gol (GLT); decisão errada envolvendo o VAR (dado que o VAR é um membro da arbitragem; a decisão de não revisar um incidente; a revisão de uma situação não revisável.”
Em outro trecho, há previsão de “defeito no sistema”, temporário ou permanente. Neste caso, o árbitro e assistente de revisão devem sempre tomar uma decisão, “isto é, ARBITRAR como se não houvesse VAR”.
O diretor de futebol, Alexandre Pássaro, protestou em pronunciamento antes da coletiva de imprensa do treinador Vanderlei Luxemburgo. O técnico também citou levantamento feito pelo ge sobre quantidade de intervenções do VAR em lances do Vasco.
“Cansado sobre esse ponto da arbitragem”, Pássaro, primeiro, elogiou o presidente da CBF, Rogério Caboclo, o secretário da CBF, Walter Feldman e o diretor de competições, Manoel Flores. Segundo o dirigente vascaíno, eles fizeram trabalho louvável em colocar o VAR em todos os jogos da Série A. Mas depois começou a criticar duramente a arbitragem.
“Temos um problema nesse campeonato que é o VAR. O que aconteceu hoje é inadmissível. A gente estava no vestiário, e quando saímos pro jogo o pessoal da Vasco TV me avisou que pediram para eles tirarem a câmera que fica à beira do gramado, porque ela poderia captar uma imagem que pudesse depois desmentir o VAR. Foi inédito, a gente resistiu e não foi atendido. Não sabíamos o motivo disso, mas muito provavelmente é porque a CBF sabia que a linha de impedimento estava descalibrada”, revelou o dirigente vascaíno.
Pássaro seguiu falando do gol de Rodrigo Dourado, que não teve o uso da tecnologia para revisão.
“No primeiro tempo acontece o lance do Dourado, que, nas imagens que a gente teve agora, não conseguimos ter certeza se teve impedimento ou não. O Gaciba disse em entrevista que a linha veio para acabar com a injustiça no futebol. No jogo entre Atlético-MG e São Paulo no primeiro turno, a linha errou em anular um gol do São Paulo. A comissão de arbitragem divulgou isso tempo depois mostrando que a linha era passível de falha. E hoje o que foi nos passado é que a linha estava descalibrada e prevaleceu a decisão do campo. Ou se tem o VAR para todo mundo em todos os lances ou não se tem o VAR. O que aconteceu foi um absurdo. Se a linha não estava calibrada, paralisasse a partida até isso ser checado. Como a gente volta no tempo para definir o que aconteceu naquele lance? Poderia ter sido o Inter o prejudicado, mas quem sai prejudicado é o futebol brasileiro, quem faz de tudo pra entregar um campeonato enquanto as decisões e o jeito que se conduz a arbitragem brasileiro faz de tudo para destruí-lo. A única justificativa da CBF é que o Gaciba vai se pronunciar. Um pronunciamento que em nada contribui. A sala do VAR é ao lado da nossa, antes de vir pra cá a porta se abriu e eu vi que eles estavam no lance traçando a linha no computador. Vamos ver as imagens e ouvir as gravações na CBF e, dentro de 48 horas, vamos entrar com o pedido de anulação da partida no STJD para apurar o que aconteceu. Independentemente de estar impedido ou não, o que não pode é alterar as regras. O árbitro do jogo falou para o Luxemburgo que vai ver em casa se ele acertou ou errou”, completou Pássaro, em pronunciamento.
⇒Clube emite nota:
Em nota, após a partida, o Vasco confirmou que pedirá a anulação do jogo. O presidente Jorge Salgado disse que pedirá uma reunião com a CBF. Leia a nota abaixo.
O Club de Regatas Vasco da Gama entrará com um pedido de anulação da partida contra o Internacional, neste domingo (14), em São Januário, válida pela 36ª rodada do Campeonato Brasileiro de Futebol. Em ofício, assinado pelo presidente Jorge Salgado imediatamente após o término do confronto, e solicitado que fosse anexado ao relatório da do jogo, o Vasco afirma que o “VAR disfuncional não anula gol do Internacional em flagrante impedimento”.
“O que presenciamos hoje em São Januário foi mais uma repetição do ultraje que tem sido a atuação da arbitragem da CBF em nossas partidas. Pediram para retirarem uma câmera da Vasco TV, ‘descalibraram’ a linha e ironizaram nosso treinador dizendo que avaliariam as imagens ‘de casa’. Já são 18 apitos contra o Vasco, em uma disparidade desrespeitosa em relação a qualquer outro time da competição. Estou acionando a CBF por telefone hoje para uma reunião esclarecedora. Vamos requerer na justiça a anulação desse jogo”, declara Jorge Salgado.
O jurídico do Vasco já está reunindo todas as informações pertinentes para acionar o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e buscar os direitos do Clube.
⇒Leia o ofício do Vasco no blog da Gabriela Moreira:
“De acordo com as normas aplicáveis ao VAR e previstas nas Regras de Futebol 2020/21 da CBF, nos jogos em que o VAR é utilizado pela arbitragem, o “VAR automaticamente deve “checar” as imagens gravadas das câmeras de TV, em todo possível ou real gol, pênalti ou decisão/incidente de cartão vermelho direto, ou em caso de identificação equivocada, utilizando diferentes ângulos de câmeras e velocidades de replay” (p. 151).
No entanto, não foi isso que se viu no jogo Vasco x Internacional, quando o Vasco foi claramente prejudicado – novamente, diga-se de passagem – pelo VAR. Dessa vez, sistema do VAR deixou de funcionar justamente no momento da checagem do gol do Internacional, cujo autor estava claramente em posição de impedimento, como demonstrando por diversos ângulos pelas câmeras de televisão.
Essa inadmissível falha do VAR feriu de morte a lisura da partida, tornando-a anulável. Por isso, requeremos a anulação da partida Vasco x Internacional ocorrida em 14/02/2020, com a consequente remarcação da partida em nova data e com um VAR em pleno funcionamento.”
Por Fred Gomes e Marcelo Baltar — Rio de Janeiro
Redes sociais – Report News (clique nas imagens):
Seja o primeiro a comentar