Pandemia: pode faltar medicamento para pressão e diabetes, diz Mandetta

Laboratórios brasileiros podem sofrer com a falta de matérias-primas para produção de medicamentos com a decisão da Índia de colocar em quarentena sua população por conta da pandemia do coronavírus. O país asiático é um dos principais fornecedores de insumos farmacêuticos do mundo. Segundo o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, podem faltar no Brasil medicamentos para hipertensão e diabetes, entre outros.


“A Índia mandou parar 1,3 bilhão de pessoas, colocando-as em quarentena. O país é o maior fabricante mundial de insumos farmacêuticos ativos (IFA), utilizados em inúmeros medicamentos fabricados no Brasil”, afirmou Mandetta na sexta-feira, dia 27 de março de 2020.

“O mundo está procurando outros fornecedores, mas isso tem um tempo para acontecer. Em 30, 40 ou 60 dias pode haver falta de medicamentos para diabetes e pressão no Brasil. Isso faz parte da bagunça que esse vírus fez no planeta todo”, disse o ministro.


Para o presidente executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma), Nelson Mussolini, o risco de desabastecimento não será imediato, pois as empresas têm estoques para quatro ou cinco meses, em média.


“A China é importante, mas a Índia fornece muito insumo para a indústria brasileira. Acredito que a participação dos dois países gira em torno de 30% a 35% cada um no fornecimento de princípios ativos para as farmacêuticas nacionais. Por isso, algumas empresas estão tendo problemas no embarque desses produtos”, afirmou Mussolini ao Valor Econômico.


Segundo o executivo, um dos associados do Sindusfarma chegou a pagar 100% a mais para conseguir embarcar os insumos.


“Alguns produtos podem faltar no mercado caso a situação não se estabilize nos próximos meses”, revelou.


Um dos laboratórios que já encontrou problemas foi o Biolab. A empresa teve embarques cancelados de insumos para um medicamento após a decisão indiana. Cerca de 50% dos insumos são da Índia, segundo o presidente da companhia, Cleiton de Castro Marques.


“Estamos na iminência de desabastecimento com a medida do governo indiano. Para se ter ideia, tínhamos contratado o embarque de dez toneladas, nosso parceiro nos disse que mandaria cinco toneladas, agora não vem mais nada. Esse produto viria por avião e não vem mais. Temos que entender bem essa medida”, disse o executivo ao Valor.


De acordo com Marques, o insumo é usado em um medicamento que está dentro do programa Farmácia Popular e o seu estoque dura mais dez dias.


“Mas temos estoques do medicamento pronto para 60 dias. Não haverá desabastecimento no curto prazo”, afirmou.


Já no caso da Cellera Farma, 70% dos insumos usados na produção vêm da Índia. Segundo o presidente da companhia, Omilton Visconde Júnior, até o meio deste ano, os embarques dos insumos estão confirmados, mas há dificuldades logísticas dentro do país. A preocupação, disse ele, é de que as remessas de produtos sejam barradas pelo governo local.


“Se pararem os embarques, vamos produzir o quê? Vai ser difícil não ter falta de algum medicamento no médio prazo. E não é somente aqui no Brasil, mas no mundo. A Índia é um grande fornecedor global”, esclareceu.


Para a farmacêutica sul-africana Aspen o desabastecimento será pontual. O presidente, Alexandre França, está mais otimista. Revelou que algumas empresas têm a Índia como principal fornecedor, mas boa parte das farmacêuticas locais já usam insumos chineses.


“Como a China está voltando aos poucos ao normal, não acredito em um grande desabastecimento no nosso mercado. Haverá sim, para alguns produtos que usam o princípio ativo indiano. Até porque não podemos substituir um fornecedor por outro se houver problema de falta de insumo”, destacou.


Assista ao vídeo:

Fonte: Agência de notícias do ICTQ

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