Preso por engano, massagista do Náutico é libertado após habeas corpus e desabafa: “É muita humilhação”

O relógio marcava 09h38min da manhã desta sexta-feira, dia 19 de março de 2021, quando, depois de 23 dias, Paulo Mariano deixou o Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), ao conseguir um habeas corpus, na quinta-feira (18). Detido há quase um mês, desde 24 de fevereiro, acusado de um assalto a ônibus, que aconteceu em 2018, Paulo foi preso por reconhecimento fotográfico. E assim como 83% das pessoas presas através desse recurso, Paulo é negro.

Vestido com uma bermuda jeans, camisa branca e chinelo de dedo, Paulo caminhou apressadamente para o encontro da esposa, que o aguardava ao lado de fora do Cotel. O abraço, regado a choro, era inevitável.

Paulo Mariano, massagista do Náutico, deixa prisão no Recife — Foto: Sabrina Rocha

“Não chora, não chora. Você está livre agora”, disse Amanda Mikahelly.


O choro de Paulo carregava o alívio por reencontrar a esposa, por ter a vida de volta e por se livrar do medo que mais o atormentou durante a prisão: perder o emprego. Receio justificável pelas estatísticas, que apontam que 20% dos ex-presidiários conseguem retornar ao mercado de trabalho e que o desemprego na população negra é 71% maior do que entre brancos, segundo o IBGE.


“Desde 17 anos eu trabalho e nunca imaginei pisar nesse lugar. É um sofrimento. Teve tanta gente que está pagando pelo que fez, mas eu não desejo isso para ninguém. É muita humilhação. Eu estava com medo que o Náutico me botasse para fora. Eu pensei que perderia emprego. Pensei que eles iam esquecer de mim. Passar por isso… Eu sou inocente.”


Livre do cárcere, Paulinho tenta provar a inocência para poder voltar à vida normal. Mas segundo o massagista, os dias que se aproximam serão encarados da forma como sempre fez: trabalhando e ao lado da família.


“Queria voltar para o trabalho, é o que mais amo na vida e estava sentindo muita falta. Eu vou ter minha vida normal, eu vou provar a minha inocência e vou para a briga na justiça.”


De acordo com a advogada de Paulo, Virginia Kelly, a defesa agora tentará fazer com que o Paulo seja considerado inocente. Processo que ainda levará algum tempo para acontecer.


“A liberdade de Paulo se deu por não haver nada que sustente a necessidade de Paulo. A liberdade de Paulo é uma questão de justiça. Ele não traz nenhum perigo à sociedade, ao processo e temos a certeza de que iremos conseguir provar a inocência.”


Entenda o caso:

Paulo Mariano foi preso no dia 24 de fevereiro deste ano, acusado de participar de um assalto a ônibus no bairro da Joana Bezerra, área central do Recife. Nas imagens divulgadas do dia do caso, o assaltante que aparece não tem semelhança física com Paulinho. Mesmo assim, o massagista do Náutico acabou sendo levado para o presídio.

A defesa do profissional, porém, garante que Paulo não tem qualquer relação com o caso e que, no dia em que o assalto aconteceu, estava com a família. Era o natal de 2018. Nas redes sociais do massagista, há fotos postadas com a esposa, amigos e parentes nessa data.

Por Sabrina Rocha e Elton de Castro — Recife

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