Sem cama, banheiro e direitos trabalhistas: onze funcionários são resgatados de trabalhos similares ao de escravos em Jacobina e Várzea Nova

Onze trabalhadores foram resgatados de condições degradantes de trabalho em fazendas nos municípios de Jacobina e Várzea Nova, ambos no norte da Bahia. De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), os funcionários recebiam uma média de R$ 100 a R$ 400, exclusivamente por produção, para uma média de 44 horas de trabalho semanal.

A operação aconteceu entre os dias 22 de outubro e 02 de novembro de 2023. Em Várzea Grande, a equipe de fiscalização resgatou seis trabalhadores, enquanto cinco foram resgatados em Jacobina. De acordo com o MTE, os funcionamentos de ambos os locais foram interditados. Entre os problemas encontrados pelo ministério estão:

  • Trabalhadores não tinham registros trabalhistas;
  • Baixa remuneração salarial;
  • Medidas de segurança e saúde negligenciadas;
  • Local de trabalho sem sanitário e local para fazer as refeições;
  • Alojamento em péssimas condições;
  • Sem água potável.
Casas em que os funcionários dormiam estavam em condições deploráveis — Foto: Jacobina Notícias

Alojamentos em ruínas:

De acordo com o MTE, o alojamento onde os trabalhadores dormiam estava em estado deplorável. Eram casas em ruínas, com paredes e pisos comprometidos e sem nenhum móvel. Os funcionários dormiam em pedaços de espumas jogadas no chão e não dispunham de local para armazenar e preparar as refeições.

Além disso, a água fornecida aos trabalhadores não era potável e era armazenada de maneira inadequada, em embalagens de reutilização proibida. Em relação ao banheiro, só havia um cômodo dentro e umas das casas, o que era insuficiente para atender os trabalhadores. Muitos deles utilizavam baldes para tomar banho e faziam as necessidades fisiológicas na vegetação.

Fazendas foram notificadas e funcionários receberão valores rescisórios — Foto: Jacobina Notícias

Interdição:

Devido às condições extremamente precárias, as máquinas de desfibramento de sisal foram interditadas, pois representavam risco grave e iminente à saúde e à segurança dos trabalhadores. Além disso, os responsáveis pelas fazendas foram notificados a regularizar o vínculo dos trabalhos, quitar as verbas rescisórias dos empregados resgatados, além de recolher o FGTS e as contribuições sociais previstas em Lei. Os pagamentos foram estimados em R$ 197.000,00

Os trabalhadores resgatados, além das verbas rescisórias, terão direito também a três parcelas de seguro-desemprego especial. Eles foram encaminhados ao órgão municipal de assistência social de suas cidades para atendimento prioritário. Coordenada pelo MTE, a ação fiscal contou com a participação do Ministério Público do Trabalho (MPT), Defensoria Pública da União (DPU) e a Polícia Federal (PF).

Funcionários não utilizavam equipamentos de segurança — Foto: Jacobina Notícias

Por g1 Bahia e TV Bahia com informações do Jacobina Notícias



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